Primeiro foguete comercial lançado do Brasil explode no Maranhão

Por: Alison Correa – Alcântara, MA

O foguete sul-coreano HANBIT-Nano explodiu nesta segunda-feira (22) pouco após ser lançado às 22h13 do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Durante a transmissão ao vivo, a equipe responsável exibiu a mensagem “We experienced an anomaly during the flight”, indicando que uma anomalia foi detectada, e logo em seguida o sinal foi interrompido.

O vídeo da transmissão mostrou a trajetória do foguete por pouco mais de um minuto, com imagens captadas por duas câmeras posicionadas nos estágios da aeronave. Durante esse tempo, o HANBIT-Nano atingiu Mach 1, ultrapassando a velocidade do som, e chegou a MAX Q, ponto em que a força aerodinâmica sobre o foguete é máxima antes de atravessar a atmosfera.

Equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Corpo de Bombeiros do CLA foram acionadas para avaliar os destroços, que caíram em uma área pertencente a Basse. O voo não era tripulado e transportava experimentos científicos e dispositivos tecnológicos que seriam utilizados em pesquisas de instituições do Brasil e da Índia.

O HANBIT-Nano media 21,9 metros de altura, pesava 20 toneladas e tinha 1,4 metro de diâmetro, podendo alcançar até 30 mil km/h em sua trajetória até a órbita terrestre. Em termos comparativos, seu tamanho equivale a um prédio de sete andares, seu peso é similar ao de quatro elefantes africanos e sua velocidade supera em até 30 vezes a de um avião comercial.

A missão, batizada de Spaceward, era coordenada pela FAB e pela Agência Espacial Brasileira (AEB), com o objetivo de colocar em órbita cinco satélites e três dispositivos de pesquisa. A AEB informou que o lançamento foi realizado por meio de um contrato de prestação de serviços com a empresa sul-coreana Innospace, no qual não há previsão de lucro, apenas retribuição mínima ao Estado brasileiro.

O Centro de Lançamento de Alcântara, construído na década de 1980, é considerado estratégico por sua proximidade à linha do Equador, o que reduz o consumo de combustível necessário para colocar foguetes em órbita. A base também conta com baixa densidade de tráfego aéreo, ampla extensão costeira e várias inclinações orbitais possíveis para lançamentos.

Apesar de suas vantagens geográficas, a base permaneceu subutilizada por décadas, devido a acidentes graves e questões fundiárias. Em 2003, a atividade em Alcântara foi reduzida após a explosão do protótipo VLS-1, que matou 21 civis durante testes finais de lançamento. Além disso, conflitos judiciais com comunidades quilombolas locais atrasaram o pleno desenvolvimento da área.

O lançamento do HANBIT-Nano representava um passo importante para a inserção do Brasil no mercado de foguetes comerciais, mas terminou de forma prematura, reforçando os desafios da atividade espacial no país.

Foto: Innospace / Divulgação

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