Um homem e uma mulher foram condenados a penas que totalizam mais de 25 anos de prisão por assassinarem por engano a dona de uma floricultura em Garuva, no Norte de Santa Catarina, informou o Ministério Público de Santa Catarina. Miriam Hatsue Abe morreu após ser atingida com seis tiros à queima roupa durante o trabalho.
Enquanto esperavam o início do julgamento, que durou 17 horas, entre terça (3) e quarta-feira (4), familiares e amigos prestaram homenagens com camisetas, cartazes e rosas.
Segundo o MPSC, a dupla também foi condenada a pagar solidariamente à família da vítima uma indenização R$ 120 mil por dano moral.
Cabe recurso da decisão, mas não foi concedido aos réus o direito de recorrer em liberdade.
Conforme o MPSC, consta na ação penal pública que os disparos ocorreram “mediante erro sobre a pessoa”, e os réus tinham o objetivo de matar a prima de Miriam, que havia ajuizado uma ação de reintegração de posse de uma chácara em Contenda (PR) em desfavor da família dos acusados.
O crime ocorreu em 10 de setembro de 2022.
Condenação
Conforme o MPSC, eles foram condenados por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Os réus vão cumprir a pena em regime inicial fechado:
O réu acompanhou o julgamento presencialmente. Já a ré está foragida, mas também foi julgada, pois contratou advogado para representá-la no início do processo.
Segundo o Promotor Marcelo José Zattar Cota, titular da Promotoria de Justiça de Garuva, o crime foi totalmente movido por motivo torpe, e envolveu o desejo de manter a posse de uma propriedade no Paraná.
“É decorrente de vingança, por retaliação ao fato do ajuizamento da ação de reintegração de posse contra os familiares dos réus”.
Já a promotora Mirela Dutra Alberton, que integra o Grupo de Atuação Especial do Tribunal do Júri (Gejuri), destacou que o crime teve consequências severas na família da vítima.
“Três crianças, dentre elas uma com um ano e oito meses de idade, ficaram órfãos de mãe e nada substituíra a presença materna em suas vidas”.
Relembre
Segundo o MPSC, a denúncia relata que, em 10 de setembro de 2022, um homem e uma mulher chegaram com um veículo Peugeot, conduzido pelo réu, na floricultura e residência da vítima.
A acusada desceu do veículo, entrou no estabelecimento e perguntou pela dona do local. Quando a funcionária chamou Miriam, a mulher começou a atirar. A empresária tentou fugir, mas seguiu sendo alvejada.
Somente quando a vítima estava caída, a ré fugiu do local, de carro, na companhia do comparsa.
Em seguida, Miriam foi encaminhada para atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento de Garuva, mas não resistiu aos ferimentos e morreu momentos após o crime.