Por: Alison Correa
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal durante o governo Jair Bolsonaro, foi preso nesta sexta-feira (26) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai. A detenção ocorreu enquanto ele tentava embarcar para El Salvador, poucos dias após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e 6 meses de prisão por participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Segundo informações das autoridades brasileiras e paraguaias, Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica imposta por determinação judicial e deixou o Brasil sem autorização. O descumprimento acionou alertas nos sistemas de monitoramento, levando à comunicação imediata entre os órgãos de segurança e à intensificação da vigilância nas fronteiras.
Ainda de acordo com a apuração, ele utilizava um passaporte paraguaio em nome falso ao tentar deixar o país. Foi abordado, identificado e preso pelas autoridades locais, sendo colocado à disposição do Ministério Público do Paraguai. Ele deve ser expulso e entregue às autoridades brasileiras para iniciar o cumprimento da pena determinada pelo STF.
O caso ganhou repercussão nacional após a condenação de Vasques pela Primeira Turma do STF, em 16 de dezembro. Ele foi considerado participante do chamado “núcleo 2” da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou a atuação estratégica de um grupo para impedir a consolidação do resultado eleitoral de 2022.O Supremo entendeu que Vasques teve envolvimento direto em ações de monitoramento de autoridades e tentativas de dificultar o voto de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF no segundo turno das eleições. Ele foi condenado pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa e dano qualificado.
No dia da condenação, Silvinei Vasques solicitou exoneração do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José, na Grande Florianópolis. A prefeitura confirmou o pedido, destacando o agradecimento pelos serviços prestados durante sua atuação.
Além da prisão em regime inicial fechado, a sentença prevê suspensão dos direitos políticos, inelegibilidade e participação em indenização coletiva de R$ 30 milhões, a ser paga de forma solidária entre os condenados.
Natural de Ivaiporã (PR), Vasques ingressou na Polícia Rodoviária Federal em 1995 e permaneceu na corporação por cerca de 27 anos, aposentando-se voluntariamente em dezembro de 2022 com proventos integrais.
Com a prisão no Paraguai, a expectativa é que ele seja rapidamente entregue às autoridades brasileiras, encerrando a fase de liberdade provisória e dando início ao cumprimento da pena.
