O cantor Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos, em Goiânia. A informação foi divulgada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, por meio das redes sociais. A causa da morte não foi informada. O velório acontece no Cemitério Santana, na capital goiana.

Natural de Rio Verde, no interior de Goiás, Lindomar ganhou projeção nacional nas décadas de 1960 e 1970, consolidando-se como um dos artistas mais populares da música brasileira. Dono de um repertório marcado por romantismo intenso e interpretação dramática, ficou conhecido como o “Rei do Bolero” e alcançou números expressivos de vendas em um período dominado pelo rádio e pelos discos de vinil.
Entre seus maiores êxitos está a canção “Você é doida demais”, que atravessou gerações e voltou a ganhar destaque nos anos 2000 ao ser utilizada como tema de abertura do seriado Os Normais. Outro marco de sua carreira foi o álbum “Eu vou rifar meu coração”, lançado em 1973 pela gravadora RCA, que ultrapassou a marca de meio milhão de cópias vendidas.
Apesar do sucesso artístico, a trajetória de Lindomar ficou profundamente marcada por um crime que chocou o país. Em março de 1981, ele matou a cantora Eliane de Grammont, sua ex-esposa, durante uma apresentação em uma casa noturna de São Paulo. O assassinato ocorreu após o término do relacionamento, que, segundo relatos, era permeado por violência e controle.
Eliane tinha 26 anos e estava em plena retomada da carreira quando foi morta no palco. O crime teve grande repercussão nacional e provocou forte mobilização social, tornando-se um dos casos mais emblemáticos no debate sobre violência contra a mulher no Brasil.
Lindomar foi preso em flagrante, condenado a 12 anos de prisão e cumpriu parte da pena em regime fechado, passando posteriormente ao semiaberto. Em meados da década de 1990, obteve liberdade definitiva.
O caso ajudou a impulsionar o movimento feminista no país e reforçou campanhas de enfrentamento à violência doméstica, entre elas o slogan “Quem ama não mata”, que se tornou símbolo de resistência e conscientização.
A morte de Lindomar Castilho encerra uma história marcada por contrastes: de um lado, uma carreira de enorme alcance popular; de outro, um episódio que permanece como lembrança dolorosa e alerta permanente sobre a violência de gênero no Brasil.