Vereadores debatem redução de atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde

Na sessão desta quinta-feira (9), a Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul aprovou uma moção de apelo apresentada por Osmair Gadotti (MDB), solicitando ao Executivo Municipal investimentos urgentes na ampliação e reforma da Unidade Básica de Saúde Padre Antônio Echelmeyer, localizada no bairro Nereu Ramos.

O documento ressalta que o bairro é um dos que mais cresceram em população nos últimos anos, mas que a unidade, inaugurada em 2014, segue operando com a mesma estrutura física e o mesmo número de profissionais desde então. Segundo Gadotti, o aumento demográfico elevou significativamente a demanda por atendimentos, comprometendo a capacidade de resposta do posto.

Durante a sessão, Gadotti apresentou um áudio enviado por uma moradora relatando dificuldades para conseguir consultas médicas e odontológicas. No depoimento, a mulher afirmou que é preciso chegar ao posto por volta das 4h ou 5h da manhã para tentar uma vaga e que, mesmo assim, há casos em que o médico não comparece. “Essa mulher está em tratamento contra o câncer. Isso mostra o quanto a situação chegou a um ponto crítico”, lamentou o vereador.

Gadotti criticou o fim do horário estendido nas unidades de saúde, lembrando que, anteriormente, o posto de Nereu Ramos atendia até as 22h. “Hoje, fecha às 16h. A saúde não pode esperar pela economia. Se não há estrutura no posto, que se contratem consultas e exames na rede privada”, declarou.

A moção recebeu apoio unânime dos demais vereadores e deu início a um debate mais amplo sobre a situação da saúde pública no município.

O vereador Jonathan Reinke (União Brasil) reforçou a importância de retomar os atendimentos noturnos nas Unidades Básicas de Saúde, destacando que essa medida é essencial para atender à população trabalhadora que não consegue comparecer durante o horário comercial. Ele lembrou que, em bairros mais afastados, muitos moradores dependem exclusivamente do SUS e não têm condições de pagar consultas particulares. “Quando o posto fecha cedo, essas pessoas simplesmente ficam sem assistência. A ausência do atendimento noturno empurra o cidadão para a fila do pronto atendimento, que já está sobrecarregado”, alertou. Reinke também criticou a falta de continuidade médica nas equipes, explicando que a rotatividade de profissionais tem prejudicado o vínculo entre os pacientes e seus médicos. “Não dá para hoje ter o médico A, amanhã o B e depois nenhum. Isso destrói a confiança do paciente e atrapalha o acompanhamento de tratamentos crônicos, como diabetes e hipertensão. A comunidade precisa de estabilidade e previsibilidade no atendimento”, pontuou.

O vereador Jair Pedri (PSD) elogiou a iniciativa de Gadotti e classificou como “ato de coragem” a decisão de tornar público o áudio da moradora, que expôs a realidade vivida por muitos jaraguaenses. Pedri reforçou que os problemas apontados em Nereu Ramos se repetem em outras regiões da cidade, e que os números oficiais confirmam a gravidade do cenário. Com base em dados do portal da transparência da Prefeitura, ele revelou que 11.900 pessoas aguardam exames de ultrassonografia, 514 esperam por avaliação cirúrgica de mastologia e 882 mulheres estão na fila para realizar mamografia bilateral. “Esses números mostram que há uma falha grave de gestão e planejamento. Quando o cidadão espera meses, às vezes anos, por um exame que pode diagnosticar uma doença grave, estamos colocando vidas em risco. Infelizmente, a saúde pública em Jaraguá do Sul não caminha bem. Se nós, como representantes da população, não apresentarmos soluções, estamos no lugar errado”, declarou o parlamentar.

Já o vereador Charles Salvador (PSDB) chamou a atenção para o impacto direto que o fim do horário estendido causou em outras unidades, citando o exemplo da UBS do bairro Rau. Segundo ele, o posto chegou a contar com cinco médicos atendendo simultaneamente, mas após o encerramento do expediente noturno, o número caiu para apenas dois profissionais. “A consequência foi imediata: as filas aumentaram e o sistema de agendamento agora marca consultas apenas para fevereiro de 2026. O número de pacientes continua o mesmo, mas o atendimento despencou. É uma conta que não fecha. O poder público precisa entender que saúde não é gasto, é investimento”, enfatizou. Salvador também defendeu a adoção de critérios técnicos e metas claras na gestão das unidades, de modo que as decisões administrativas não sejam baseadas apenas em cortes de custos, mas em resultados efetivos para a população.

A vereadora Sirley Schappo (Novo) também manifestou forte preocupação com o encerramento do expediente noturno em cinco UBSs, medida que, segundo a administração municipal, visava reduzir despesas. Para Sirley, a estratégia foi um erro de planejamento que teve efeito contrário ao desejado. “Foi uma economia burra. Cortar o atendimento noturno pode até gerar uma redução temporária nos custos, mas o impacto social é devastador. O resultado está aí: a população sem atendimento, as filas cada vez maiores e os postos sobrecarregados durante o dia”, criticou. Ela ainda destacou que a diminuição do acesso à atenção primária faz com que mais pessoas busquem o pronto atendimento, aumentando os gastos do município com casos que poderiam ser resolvidos na base. “Economizar em prevenção e atenção básica é o mesmo que tampar o sol com a peneira. O problema só se agrava com o tempo”, completou.

Encerrando o debate, o vereador Almeida (MDB) afirmou que os números apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde não refletem a realidade atual e salientou que os dados divulgados pela administração estão defasados e maquiados. Segundo ele, levantamento realizado por seu gabinete aponta a existência de mais de 48 mil procedimentos represados, entre consultas, exames e atendimentos especializados. Almeida defendeu que o Legislativo convoque uma audiência pública com a presença do prefeito Jair Franzner, da secretária de Saúde e de representantes da comunidade para discutir a situação com transparência. “A população está cansada de desculpas e precisa de respostas concretas. Se o governo não enfrenta os problemas de frente, cabe a esta Casa cobrar com firmeza. O papel do vereador é fiscalizar, propor e garantir que a voz do cidadão chegue onde precisa ser ouvida”, concluiu.

A moção de apelo aprovada será encaminhada ao prefeito Jair Franzner e à Secretaria Municipal de Saúde, solicitando medidas concretas para a ampliação da UBS de Nereu Ramos e a melhoria no atendimento à população.

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