A RBN recebeu na redação na noite de sexta-feira (20) para sábado (21), um vídeo onde, supostamente, funcionários da prefeitura estariam “abandonando” um cachorro em via pública. Imediatamente, o Departamento de jornalismo entrou em contato no sábado de manhã com o presidente da Fujama, Anderson Kassner. A resposta chegou no sábado à noite em nota confirmando a veracidade das imagens com a presença de servidores da Fujama. A nota informa que este é um procedimento “normal e legal”. O documento informa que a Fujama recolhe animais machucados em vias públicas, faz todo o tratamento necessário, com chipagem, castração, vermifugação e coloca para a adoção através das feiras e redes sociais da Fundação. Nos casos de animais não adotados, eles são soltos nos seus locais de origem. A nota ainda fez duras críticas aos comentários condenando o trabalho dos servidores, questionando que boa parte dessas pessoas não adotam, não ajudam e não colaboram na divulgação das ações. Veja abaixo a nota na íntegra.
NOTA
“O Município não dispõe de canil público municipal, uma vez que esse modelo, embora adotado por alguns municípios, demonstrou-se ineficiente, oneroso, funcionando, na prática, como depósito de animais, com superlotação, baixíssimo índice de adoção e condições precárias de manutenção.
Em vez disso, o Município, por meio da FUJAMA, investe em políticas públicas de castração gratuita e na manutenção de um Programa Emergencial voltado ao atendimento de animais sem responsável (tutor), que se encontrem em situação de risco de vida em vias públicas.
Esses animais recebem, às custas dos cofres públicos, atendimento veterinário completo, são castrados, microchipados e disponibilizados para adoção responsável.
A FUJAMA realiza feiras de adoção presenciais, possibilitando o contato direto entre os animais e possíveis adotantes. Além dessas ações presenciais, os animais disponíveis para adoção permanecem divulgados de forma contínua no site oficial da FUJAMA, nas redes sociais e também com o apoio de protetores independentes e organizações de proteção animal, que colaboram ativamente na promoção das adoções e divulgação dos animais.
No entanto, é importante lembrar que a efetividade dessas ações depende diretamente do engajamento da própria população, que muitas vezes critica a devolução dos animais ao local de origem, mas não se dispõe a adotar nem a ajudar na divulgação das adoções. Somente com a participação ativa da sociedade será possível evitar que esses animais retornem às ruas.
Quando não adotados, esses animais são devolvidos ao local de origem, conforme prevê a legislação vigente e em respeito às diretrizes do manejo ético-populacional de animais.
Atualmente, cerca de 500 animais são atendidos por ano, e aproximadamente 40 permanecem sob custódia provisória do Município, alojados em clínicas veterinárias e lar temporário contratadas. Cada animal representa um custo médio de R$ 600,00 por mês, totalizando aproximadamente R$ 300 mil por ano apenas em diárias de hospedagem — valor integralmente custeado com recursos públicos.
Somado ao atendimento veterinário de urgência e emergência, o Programa Emergencial consome R$ 1,5 milhões por ano, valor que, ainda que elevado, não se mostra suficiente diante da crescente demanda da população para a causa animal.
Além das limitações financeiras, há um gargalo estrutural importante: as clínicas veterinárias e lar temporário credenciadas, possuem capacidade física restrita.
Ou seja, mesmo que, porventura, houvesse orçamento ilimitado, não haveria espaço físico disponível para abrigar todos os animais abandonados ou necessitados de atendimento.
É fundamental reforçar que a responsabilidade pelo bem-estar animal não pode ser interpretada como dever exclusivo do poder público. A posse responsável é, antes de tudo, um dever de cidadania.
A FUJAMA mantém um programa de castração totalmente gratuita, ofertado de forma contínua, inclusive com ações do Castramóvel, que vai até os bairros mais distantes das clínicas conveniadas, facilitando o acesso ao serviço. Importante lembrar da participação e o apoio de organizações de proteção animal e protetores independentes neste programa. Há pessoas que, mesmo tendo acesso ao serviço, optam por não levar seus animais para castração, o que contribui para a persistência dos casos de abandono e de posse irresponsável. Cães comunitários, aqueles que vivem nas ruas sem tutor definido, também podem ser castrados com o apoio da população, colaborando com o controle populacional e a promoção do bem-estar animal.
Infelizmente, a indignação popular tende a recair sobre o poder público, como se o Município devesse absorver todas as consequências do descaso individual, o que não é juridicamente exigível nem financeiramente viável. Trata-se de recurso público, e, nesse sentido, a sociedade deve refletir: se o desejo coletivo for direcionar milhões de reais à construção de canis públicos ou hospitais públicos veterinários, em detrimento de outras áreas essenciais como educação, saúde e infraestrutura.
A FUJAMA reafirma seu compromisso com a causa animal, mas alerta que nenhuma política pública será suficiente sem o engajamento direto da população. Cabe ao poder público implementar políticas estruturantes, mas cabe à sociedade o exercício efetivo da posse responsável.
Por fim, se esclarece que a devolução de animais pela FUJAMA ao local de origem após tratamento veterinário, castração e chipagem e não adotados, configura medida técnica de manejo populacional. Essa conduta não se confunde com o abandono de animais, prática considerada crime ambiental. Cidadãos flagrados ou identificados abandonando animais serão responsabilizados na forma da lei”.
